A Música para piano na Madeira
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Luiz Peter Clode

1904 - 1990

As origens da Academia de Música da Madeira

 

Partituras - Fantasia n.º2

 

Paulo Esteireiro

Luiz Peter Clode nasceu no Funchal a 1 de Abril de 1904. Após concluir com distinção o Liceu do Funchal, seguiu para Coimbra em 1921, onde frequentou a Licenciatura em Matemática. Posteriormente, mudou-se para a Universidade do Porto, onde se formou em Engenharia Mecânica e Electrotécnica em 1930.

Em paralelo com este estudos, Luiz Peter Clode cultivou sempre o gosto pela arte da música. Ainda no Funchal, estudou piano com as professoras Cora Alice Cunha e Olga da Cunha e Freitas, tendo continuado ligado à música nos tempos da Universidade, através da composição de várias obras musicais e da participação no Orfeão Académico e na Tuna Académica da Universidade de Coimbra.

Em 1931, regressou definitivamente à Madeira tendo sido consultor da firma Corys Madeira Company e mais tarde Engenheiro-director dos Serviços Industriais, Eléctricos e de Viação da antiga Junta Geral (entre outras funções), até se reformar em 1974.

Além da sua actividade na área da engenharia, Luiz Peter Clode nunca abandonou a sua paixão pela música. Segundo a sua filha Inês Clode Freitas, «ao longo de toda a sua vida [...], a Música foi, talvez, a menina dos seus olhos. E todos os dias tocava piano - improvisava e confidenciava ao seu Blütner - as alegrias e amarguras, decepções ou esperanças de toda uma vida dedicada à família, ao trabalho profissional e à cultura».

Deste modo, não é de estranhar que no início da década de 40, Luiz Peter Clode tenha procurado organizar, em colaboração com o seu irmão William Clode, uma Sociedade de Concertos, no seio da qual surgiu a Academia de Música da Madeira, escola de artes que é a antepassada do actual conservatório.

A Sociedade de Concertos da Madeira (SCM) foi fundada em 1943, com o propósito de fomentar a "arte musical" na Madeira, em proveito cultural de "uma sociedade de elite". Com esse objectivo, a SCM deveria organizar concertos, conferências, festas de artes, que integrassem artistas madeirenses e continentais de mérito reconhecido.

Apesar do objectivo assumidamente elitista, os Estatutos da Sociedade mantinham as portas abertas a concertos populares, defendendo mesmo a determinado ponto, que poderiam ser promovidos concertos para o público geral, com os artistas contratados pela SCM. Por exemplo, o actual "Auditorium" do Jardim Municipal (Funchal) foi inaugurado num espectáculo da Orquestra de Concertos da Emissora Nacional, organizado pela Sociedade de Concertos da Madeira, que contou com a assistência de milhares de pessoas.

Os concertos populares ao ar livre foram inclusivamente realizados em vários locais do Funchal. Normalmente integrados nos Festivais de Música da Madeira, também da responsabilidade da SCM, estes concertos foram organizados em espaços tais como a Quinta Magnólia e o Largo do Município, tendo o seu auge decorrido principalmente ao longo da década de 50.

Nos espectáculos da SCM figuraram por vezes obras de Luiz Peter Clode, que foram tocadas por alguns dos destacados músicos que actuaram através da Sociedade. Entre as obras mais importantes do Engenheiro-Músico, contam-se três peças para piano - "Canção de Amor", op. 23, "Fantasia N.º 1", op. 12 e a "Fantasia N.º 2", op. 31 - e uma obra sacra, um "Tantum Ergo" para duas vozes e órgão. Estas quatro obras tiveram inclusivamente a notoriedade de serem impressas.

Em Outubro de 1945, no seio da SCM, os irmãos Clode propõem a criação de uma Academia de Música, para aproveitar as vocações no domínio da música. Um ano depois, a proposta concretiza-se e a Academia de Música da Madeira é oficialmente inaugurada em 13 Novembro de 1946.

No plano curricular, a Academia seguiu desde a sua fundação os modelos do Conservatório Nacional. Esta harmonização com os programas do Conservatório de Lisboa valeu posteriormente aos alunos da Academia de Música, o reconhecimento legal das suas habilitações a nível nacional, situação que ainda hoje se mantém.

A Academia de Música da Madeira durou 28 anos, grosso modo, com esta designação (ainda se chegou a designar de Academia de Música, Belas-Artes e Línguas da Madeira). No entanto, como refere muito bem o historiador José Vieira Gomes, em «última análise, os dois novos estabelecimentos de ensino que se seguiram com os nomes de Conservatório de Música da Madeira e Instituto de Artes Plásticas não foram mais do que o antigo estabelecimento que existiu durante 28 anos».